quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Sensibilidade

Olha pra mim diz ela.
Sente o meu deslizar por tabela.
Mas não desmanche de emoção.
Junte esse momento a todos os outros grãos.
Me sinta e não descarte.
Deixe eu te forrar como uma luz que não se parte.
Me deixa te acarinhar.
Sou teu cordão umbilical sem nunca acabar.
Faça de mim instrumento.
Não me associe só a tormento.
Sou forte apesar do popular me generalizar.
Me beba, me deguste, venha me engolir.
Pare de medo sentir.
Sou parte de vc.
Como pode não me querer?

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Céu de todo dia

E ao olhar para ali
Me espelho nesse permitir.
Girando como o pião no chão.
Rodopiando lentamente sem paixão.
Mas pertencente significativamente á minha emoção.
Céu de todo dia.
Que me faz respirar á revelia.
Que traz sensações mesmo que tardia.
E ao olhar para ali.
Sinto como um possuir.
Sou grão pequenino em palma da mão.
Engole-me! olhos de furacão.
Dobra-me na tua imensidão.
Aponta-me como pequeneza.
Sopra junto com teu amante minha tristeza.
Apaga os vínculos mundanos.
Faz-me esquecer dos passantes anos.
Ah céu translúcido de todo dia.
Arrancou-me as ilusões de rebeldia.
Mostrou-me o insôsso dia-a-dia.
E ao olhar para ali.
Ainda posso por um milímetro de segundo te submergir.
Respirar fundo e insistentemente prosseguir.
Passo a passo como tijolinho de contrução, existir.

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Curto

Apesar do meu olhar não te pertencer
Me pergunto porque vc deixou isso acontecer.
Desse jeito largado, machucado...
Terrivelmente mal interpretado.
Ficou o gosto de " poderia ser".
A ansiedade dos meus olhos " em ver".
O fogo arriscado do meu coração.
Como o sopro do palito na combustão.
No fim da queima as tuas reticências.
A tristeza das minhas urgências.
Nada mais nos pertence nessa ínfima ligação.
Nem poeira, nem grão.

domingo, 12 de outubro de 2008

Sua

Serei sua se sorrir.
Mas tenho de te advertir.
Quero você cem por cento.
Estarei para você incondicionalmente.
Entregue, desperta, sentimental.
Nada de pólo negativos, fatal.
Carinhos na balança.
E as intimidades nas mudança.
Serei sua.
Preenchida ou nua.
Mas tua.
Entregue, desperta, sentimental.
Carregando o meu e o teu mal.
Apagando fogos, carregando enxames.
Aguentando desassossegos mesmo que reclames.
Mas tenho de te advertir.
Quero todo o teu permitir.
Seu profundo existir.
Cem por cento.
Assim serei só sua.
Seu Sol, Estrelas, sua Lua.
Sua pedra bruta.
Sua deliciosa luta.
A bailarina gentil.
A gueixa servil.
Simplesmente tua.
No corpo, na mente e na rua.
Curta e possessivamente.
Na palma da mão sua, estranhamente.
Somente sua (se sorrir)

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Pego ou fico olhando?

Iiii caiu!
Pego ou fico olhando?
Enxugo ou deixo sangrando?
Ainda mexe-se, dá uns pulinhos.
Parece até que têm pezinhos.
Mexe-se pouco agora.
Só falta uns segundos para o fim da grande hora.
Parou.
Sinto sua falta desenfreada.
Sem ele sinto-me meio violada.
Pego ou fico olhando?
Quem sabe num suspiro ele volte ressucitando.
Dá pra costurar?Será?
Como faço pra não desmontar?
Parece feio assim de longe.
Solitário, parado, calado, feito monge.
Estou me afastando.
Meus pés têm dificuldade de sair andando.
Falta-me o ar de repente.
Será que estou doente?
O chão parece perto.
Deitar nele parece certo.
Estou na mesma altura dele.
Fôlego curto aquele.
Parou.

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Solidão

Solidão forçada.
Aquela sem pedidos.
Meio marcada.
Que te pega pelo pé, pela mão.
Faz fogueira no coração.
Dá pra ver?
Dá não.
Esse tipo faz internamente a destruição.
Te cobre, te arrasta, te bate.
Pior que fúria da noite que late.
Mas dá pra cheirar um resquício de paz compreende?!
Como o lírio que pode nascer do lodo, entende?
Solidão diferente.
Que faz brotar.
Mas vem ao mesmo tempo arrancar.
Como o vento que muda de velocidade.
Vc nem ousa tentar medir.
Só sensivelmente pode sentir.
Sem escolhas, vontades ou opções.
Só escuta as emoções.
Soli-dão.
Sola- mente só.
Reduzindo tudo a pó.