sexta-feira, 4 de abril de 2014

Morte

Extirpar o desejo afiado.
Separará-lo das veias.
Não contaminar-se.
Secar o sangue que teima em brotar.
Segurar os restos pulsantes.
Enterrar-lhe as unhas fundo.
Equilibrar força.
Derramar as lágrimas da razão.
Acalmar-lhe em expressão apática.
Olhar seus suspiros desesperados.
Sentir seu cheiro.
Não contaminar-se.
Aplicar-lhe eutanásia.
Render-lhe piedade.
Esperar.

Dando conta

Passei por você.
Agora sobram os restos.
Raspas da combustão.
Daquilo tudo no meu coração.
E como se dar conta?
Causas, brilho, mortes.
Pulsar, dor, vazio.
Passei pra valer.
Em vc, por vc, dentro de vc!
Como asas de um beija flor.
Voar,doar, amar.
Daquilo que eu sou.
(...)
Pó restou.
E como se dar conta?
Soprar o pó.
Deixar o vento varrer.
Embalar pra valer.
Tudo de vc.
Em mim, por mim, dentro de mim!
(...)
Ser grata.
Lições, lembranças, Amor.
Daquilo que em mim ficou.


R.B.

Basta um descuido e outro corte.
Esse meu pobre coração.
Tantas mortes.
Olhos em oração.
(...)
Basta abrir um sorriso.
Esse meu descuidado coração.
Calores preciso.
Lábios com emoção.
(...)

Palavras

Voltei a escrever.
Voltei a realidade poética.
A derramar minha doçura e meu fel.
Mesma medida.
Não sei o quanto cabe em mim.
Se pertenço a este ou aquele lugar.
Sei que sou das palavras.
E elas me possuem com fervor.
Estou despida para elas.
Cicatrizes expostas.
Sorrisos e lágrimas.
Simples e torturada.
Somos pertencentes.
Pedaços cheios de grunhidos.
Olhos silenciosos.
Não sei quem é esse pedaço.
De onde parte ou onde invade.
Voltei a manchar o branco.
Voltei a tal mundo.
A deitar minha agonia e meu amor.
Sem medida.
Não sei o quanto conter em mim.
Se adequação socorre.
Sei que palavras não morrem.
Mesmo quando tudo fenece.
No pó restará elas.
No céu pedaço delas.
Aparentes.
Complexas.